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sábado, 26 de junho de 2010

Livro - Inclusão escolar

MONTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar. O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2006.


Maria Teresa E. Montoan começou sua vida de professora aos 17 anos de idade. Já atuou com crianças, jovens e adultos, em escolas regulares e especiais.

Com isso, as ideias deste livro trata-se sobre ensinar e aprender, baseado nas experiências e relações vividas durante a vida escolar da autora.

Segundo Montoan, as escolas de hoje passam por uma crise educacional, tanto pessoal como coletiva e, este é um desafio no dia-a-dia que devemos “encarar” na profissão que exercemos. Para ela a educação tem que ser pensada na formação integral do aluno, a partir de um ensino participativo, solidário, acolhedor. Para isso, no entanto, na escola tem que haver cooperação, fraternidade e o reconhecimento de valores, diferença.

O seguinte livro, então, é apresentado dentro de quatro questões muito recorrentes em palestras, encontros e reuniões que a autora participa desde 1990.

O que é inclusão escolar, porque razões ela vem sendo proposta, quem são seus beneficiários, e como fazê-la acontecer nas salas de aulas de todos os níveis de ensino.

Antes de tudo, a autora ressalta que: Temos de saber aonde queremos chegar. Para isso, é importante que fique claro que não existe um caminho a ser seguido, mas caminhos a escolher, decisões a tomar, e escolher é correr riscos.



Inclusão Escolar - O Que É? Por Quê? Como Fazer?


O mundo está constantemente mudando, e algumas pessoas têm a habilidade de prever as novas necessidades, as próximas modificações; são essas pessoas que se destacam em meio às novidades, pois estão sempre à frente, adotando os novos paradigmas. A verdade é que estamos sempre seguindo paradigmas e, quando eles entram em crise, vivemos um período de insegurança, mas também de liberdade para inovar.

No momento, a instituição escolar está excessivamente burocrática, e faz-se necessário romper com este paradigma para que ela, a escola, fluía, atingido todos os alunos sem preconceitos, tornando a inclusão um processo natural e banindo qualquer preconceito cultural, social, ou religioso. A escola tem-se aberto a novos grupos sociais, mas sem reformulação de conceitos e de conhecimentos. Assim, o ensino é massificado e não há troca de experiência. Pensamento que norteia o atual sistema discrimina claramente os deficientes no ensino regular.

Alguns problemas envolvidos: Professores da educação especial temem perder o que conquistaram, professores do ensino regular são inseguros, profissionais da saúde tratam alunos com dificuldades de adaptação como pacientes, pais de alunos 'normais' temem uma queda na qualidade do ensino.

A integração escolar abrange turmas especiais dentro do ensino comum, para que todos aprendam igualmente, utilizando para isso todos os recursos necessários. Já a inclusão é mais radical: exige modificações na perspectiva educacional, no paradigma, trabalhando as diferenças de modo que elas enriqueçam o aprendizado de todos, deficientes ou não, com problemas de aprendizagem ou não. Igualdade não é homogeneidade, as diferenças são produzidas a todo momento, e não podem ser passivamente toleradas ou respeitadas, com pena, como se não houvesse mais nada que pudéssemos fazer. A diferença é que deve ser tomada como padrão, pois o normal é que um seja diferente do outro. É difícil incluir porque isso implica lidar com culturas, desejos e emoções os mais variados não se tratando somente de números. Implica trabalhar a afetividade. Implica modificar vidas, realidades, e não personagens fictícios.

Nas escolas que já praticam a inclusão, é possível observar diferenças: novos desafios, esforços para que os objetivos se realizem e novas perspectivas de vida para todos os alunos. A escola “ideal” não valoriza as respostas padrão, a escola de qualidade valoriza o que os alunos podem aprender hoje, o que podem descobrir, criar, desenvolvendo seus talentos. As relações entre alunos e professores não são desprovidas de afetividade. A escola inclusiva, aberta a todos que desejam aprender, certamente parece uma utopia. Mas, muito pelo contrário, os alunos com que trabalhamos não são crianças perfeitas, são seres humanos singulares.

Assim é também a instituição, simplesmente uma escola, que não está presa a modelos criados por quem não aceita a diversidade. A atual tentativa de ensinar somente alunos perfeitos é que é utópica, extremamente distante da realidade. Os professores devem ser formados para lidar com todos os tipos de alunos, mas não é necessário que tenham uma rigorosa preparação teórica e científica. O que aprendem na prática, dividindo experiências, muitas vezes é mais valioso. Isso contribui para o estreitamento das relações entre os profissionais da educação, o que se reflete na maneira como tratam os alunos. E quando os pais e responsáveis também participam dos debates sobre o aprendizado e o futuro, chegamos cada vez mais perto da concretização de uma Escola de qualidade para todos.


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